Limites salariais
“É sabido que os maus trabalhadores, que constituem a maior parte dos operários em muitos ramos da indústria, são decididamente da opinião de que devem receber o mesmo salário que os bons, e que não devia permitir-se que qualquer pessoa, através de empreitadas ou de qualquer outro modo, ganhasse mais por maior talento ou trabalho do que outros poderiam ganhar sem isso. E usam uma polícia moral, que ocasionalmente se torna uma polícia física, para impedir trabalhadores hábeis de receber – e os empregadores de dar – uma maior remuneração por um serviço mais útil. Se o público tiver qualquer jurisdição sobre assuntos privados, então não vejo como podem estas pessoas estar a cometer um erro, nem como pode o público particular de qualquer indivíduo ser culpado por asseverar a mesma autoridade sobre a sua conduta individual que o público geral assevera sobre as pessoas em geral.
Mas, sem nos determos em casos hipotéticos, são presentemente praticados, de facto, grosseiros abusos à liberdade da vida privada, e outros abusos ainda maiores ameaçam ser bem sucedidos, e são propostas opiniões que defendem o público deve ter um direito ilimitado não apenas para proibir por lei tudo o que acha errado, mas também para, visando atacar tudo o que pensa errado, proibir um sem número de coisas que aceita serem inocentes.”
John Stuart Mill, Sobre a Liberdade, Cap. IV
Em “Pen’s Parade” somos desafiados, através de uma experiência mental, a imaginar a desigualdade da distribuição de riqueza. O utilitarismo justifica um fosso entre ricos e pobres, mas outros autores, como Rawls, Sandel ou Nozick apresentam perspetivas diferentes.
O mérito deve ser reconhecido ou vivemos numa “tirania do mérito”?